O AFROPUNK Brasil volta a ocupar Salvador nos dias 8 e 9 de novembro, no Parque de Exposições, celebrando cinco anos de história no país. Mais do que um evento, o festival se tornou uma bússola da cultura negra contemporânea, um espaço onde música, identidade e ancestralidade se misturam em um mesmo compasso, apontando para o futuro.
Com Coco Jones, Péricles, Liniker, Tems, Sister Nancy, Lazzo Matumbi, Márcia Short, BaianaSystem, BK’, Budah, Núbia, Muzenza, ÀTTØØXXÁ, DJ Umiranda e DJ Boneka entre os confirmados, a edição 2025 reforça a essência do AFROPUNK: um movimento global, mas com alma local.
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Isabella Milena no AFROPUNK. Foto: Izabela Laurico
O AFROPUNK não é um espetáculo que se assiste, é uma experiência que se vive. O público é parte do show e cada rosto, cada passo de dança e cada encontro formam uma narrativa coletiva sobre liberdade e afirmação.
Para muita gente, o festival é também um ato de retorno. Pessoas viajam até Salvador em busca de algo que transcende a programação: o sentimento de pertencer a um lugar onde todas as versões de si são bem-vindas. A jornalista Isabella Milena, de São Paulo, volta ao festival em 2025 e diz o porquê:
“O que faz eu viajar de tão longe para participar do AFROPUNK é estar em contato com a cultura baiana. É algo que me motiva bastante, gosto muito de Salvador. Além disso, tem muitos amigos meus que moram em outros estados do Brasil que também vão para o festival. O AFROPUNK é esse grande lugar de encontros e conexões com pessoas de outros estados e que também buscam essa experiência de curtir um festival de música preta e de qualidade. Acho muito bonito ter um festival que celebre a potência, que celebre a música negra.”
Estilo é linguagem e não regra
E esse sentimento de pertencimento também aparece na forma como o público se apresenta. No AFROPUNK, cada look é um manifesto e cada corpo, um território de expressão. Parte da magia do festival está no impacto visual do público, uma explosão de estética, cor e criatividade que já se tornou sua assinatura.
Looks que misturam referências afrofuturistas, tradições ancestrais, moda de rua e arte. Cada produção carrega uma história, um gesto de resistência e uma forma de dizer: “eu existo, e existo com orgulho”. O comunicador e influenciador soteropolitano Ismael Carvalho, que frequenta o AFROPUNK desde a primeira edição, explicou o porquê desse sentimento:
“A gente se sente extremamente à vontade de expressar o que a gente sempre quis no AFROPUNK. Então eu coloco toda a minha criatividade para fora, todas as referências que eu tenho e que eu vim construindo no meu imaginário, desde a minha adolescência até aqui; e que bom que existem espaços de acolhimento como esse, espaços de aquilombamento que fazem com que a gente se sinta bem, vestindo o que a gente quer, o que a gente é.”
Ismael Carvalho no AFROPUNK. Foto: Acervo pessoal.
“É um festival onde a gente consegue ter um olhar mais criativo para tudo. As pessoas vão lá, entregam, investem em roupas, vestidos, cabelos. Como uma pessoa que gosta muito de moda e aprecia essas coisas de afrofuturismo, eu acho bem massa poder estar lá e ter contato, olhar as tendências,” complementou Isabella.
Mas, como toda linguagem viva, o estilo no AFROPUNK é expressão, não exigência. O pertencimento está na liberdade de ser, de tranças ou cabelo raspado, montado ou simples.
“Me sinto muito feliz e realizada de poder participar desse festival e também poder pensar como que eu posso me colocar dentro dele. Eu não sou aquela pessoa que pira, né? De pensar ‘nossa, se eu não tiver roupa eu não vou’, mas eu gosto de moda, gosto de roupa. Até montei meus looks desse ano; o primeiro vai ser numa pegada mais reggae e o segundo vai ser um look mais voltado às estampas africanas,” contou Isabella.
Salvador no centro do mundo
Se cada pessoa que chega ao AFROPUNK carrega uma história, é em Salvador que todas essas narrativas se cruzam. Há um simbolismo imenso em o AFROPUNK acontecer nesta cidade, berço de tantas matrizes musicais e culturais. O festival não apenas celebra essa herança, mas também devolve visibilidade a ela, transformando a capital baiana em um epicentro global de diálogos e sonoridades.
“O AFROPUNK acontecer na Bahia, em Salvador, é muito representativo para mim em vários aspectos. Primeiro porque não é um festival voltado para o público negro; ele é um festival feito por pessoas negras, com artistas negros em cima do palco. Ver um festival que prioriza nossa existência e valoriza a existência das pessoas negras é encantador demais,” celebrou Ismael.
É ali, nessa capital que respira heranças africanas em cada esquina, que o festival ganha um significado que vai além do entretenimento: o de movimento diaspórico vivo, conectando passado e futuro em um mesmo território.
“O festival transforma a cidade de várias maneiras, desde as agendas lotadas das trancistas, das pessoas que produzem roupas, dos barbeiros, das maquiadoras negras… a cidade se movimenta de uma forma muito bonita, você vê Salvador ainda mais negra,” complementou o baiano.
Entre os tambores e o trap, entre o reggae e o R&B, o AFROPUNK reafirma o papel de Salvador como um território de criação, resistência e futuro.
O que o AFROPUNK desperta
O AFROPUNK não se explica, se vive. É uma experiência que atravessa. Não é só sobre assistir a um show, mas sim sobre se ver no palco, nas tranças ao lado, nas batidas que lembram a infância, na energia que só a coletividade preta é capaz de gerar, como explicou Ismael:
“Ver pessoas negras se divertindo e se amando em tempos em que a gente está vendo tanta coisa ruim em relação às nossas mazelas, ao racismo, às pessoas das periferias. Então vê a gente assim, nesse espaço de acolhimento, esse espaço de felicidade, de se divertir, de ser livre, sabe? É lindo desde o início.”
O festival desperta algo ancestral e, ao mesmo tempo, urgente: a certeza de que é possível ocupar o mundo do próprio jeito. Depois de dois dias intensos, o que fica não é apenas a lembrança, é uma nova forma de se reconhecer. O orgulho de existir sem pedir licença.
“O AFROPUNK me faz sentir parte de uma comunidade e sentir que nessa comunidade a minha vivência merece ser celebrada. Porque às vezes a gente vai em outros lugares de música e aí você pode ter até um ou dois artistas negros, mas a maioria são artistas brancos e quando você vai ver também o público, a maioria é de pessoas brancas. No AFROPUNK, eu sempre me senti muito confortável,” complementou Isabella.
Então, por que o AFROPUNK é mais do que um festival de música?
Porque ele é um espelho e, ao mesmo tempo, um horizonte. É o reflexo de uma cultura que se reinventa e a prova viva de que a música é apenas o ponto de partida.
O AFROPUNK é sobre existir em voz alta, com corpo, cor e coragem. E quando a roda gira, o som que ecoa é o de um povo inteiro dizendo: “estamos aqui, e seguimos dançando.” E talvez seja por isso que, em Salvador, o AFROPUNK não termina nunca: ele apenas recomeça, a cada batida.
AFROPUNK 2025
A venda de ingressos para o AFROPUNK BR 2025 já está liberada, tanto para o setor ARENA como para o setor LOUNGE. Há ingressos na modalidade Passaporte, que dá acesso aos dois dias de evento, assim como ingressos separados por dia. O Ingresso Social também está disponível para compra, assim como as opções de meia-entrada.
Foto: Divulgação
- Arena: Espaço amplo com frente de palco garantida pra colar com a galera nesse grande movimento que é o AFROPUNK. A Arena conta ainda com: Área exclusiva para PCD e ativações de marcas
- Lounge: Com estrutura de acomodação própria, o espaço oferece mais conforto e serviços ampliados. Inclui: Acesso à frente do palco Gira; Espaço para PCD; Banheiros climatizados; Área de gastronomia exclusiva; Área de descanso.
SERVIÇO
AFROPUNK Brasil 2025
Datas: 8 e 9 de novembro de 2025
Local: Parque de Exposições de Salvador
Ingressos: https://afropunk.byinti.com




