Duda Beat assistiu com interesse ao lançamento das 17 edições do “Poesia Acústica”. “Eu sempre quis fazer, só que nunca me convidaram”, ela conta ao POPline. Então ela correu atrás de trabalhar com os artistas que queria. Em seu novo EP, “Esse Delírio Vol. 1”, Duda canta com AJULIACOSTA e Tz do Coronel, além de Boogarins.

(Foto: Divulgação)
“Eu brinquei: ‘agora quem vai fazer o meu Poesia Acústica?’. Se não me convidam, eu vou convidar a galera. No próximo EP, eu quero convidar o [Filipe] Ret, que eu sou fã, e o Marcelo D2. A gente vai botando as pessoas, assim, né? A gente vai se satisfazendo dessa forma. Então foi também um meio de eu conseguir trazer essas pessoas, né? Inclusive trazer essas pessoas pra entrar na minha onda, né Porque a batida da música é super pop. Eles vêm do trap e do rap, então eu queria fazer esse casamento aí. Eu achei que ficou lindo”, diz a cantora.
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“Esse Delírio Vol. 1” não é só a realização dos sonhos dos feats. As músicas, de fato, nasceram no universo onírico. Pela primeira vez, Duda não compôs sobre suas histórias de vida, mas sobre histórias que sonhou. Ela acordava no meio da noite e anotava as experiências. Ou gravava. “Ainda bem que Tomás [Tróia, namorado] dorme pesado, porque eu várias vezes tô lá cantando às 3h da manhã”, conta. A única exceção é a faixa “Casa”.
“A ‘Casa’ é a única que é muito real. É um pouco da minha história. Mas tirando a ‘Casa’, são canções de coisas que eu não vivi. Amores, pessoas que eu troquei olhares, nesses sonhos. Eu sou a pessoa que acorda no meio da noite. Se vem uma melodia na cabeça, eu gravo”, compartilha.
Veja o clipe novo da Duda Beat!
POPline – Como foi isso de se inspirar nos sonhos para compor?
DUDA BEAT – Por exemplo, a “fuga”. Vou dar um exemplo da primeira música que veio na minha cabeça. Eu falo “Se tu falar, vem comigo / Entro e saio pela madrugada / Te prometo, a gente / Só acaba, só acaba / Quando amanhecer”. Isso tem a ver com dormir e acordar, entrar na madrugada e amanhecer. Ou seja, o que aconteceu nesse sonho? Um lugar que eu nunca fui, perto de uma praia. Eu sonhei com um cara, gato, na praia, que falava outra língua. Ele saía do mar, me dava um beijo. Pronto. Acordei com isso e escrevi. São coisas que não aconteceram de fato na minha vida, mas que eu escrevi, tirando a “Casa”.
POPline – Isso que eu ia perguntar. Se você tem esse hábito de anotar quando acorda.
DUDA BEAT – Tem que ser rápido. O negócio tem que ser rápido. Eu fico repetindo até não esquecer. Então é um pouco sobre isso esse EP, coisas que eu não vivi, por isso que é um pouco desse delírio. É a minha cabeça delirando e vivendo um monte de coisa que eu não vivi. E também é me tirar do meu lugar de conforto, porque eu sempre escrevi, de fato, sobre coisas que eu vivi. Coisas que aconteceram na minha vida. E aí eu quis fazer esse projeto que se chama “Esse Delírio”. Tem o volume dois também que vai vir depois do “DB4”. São esses projetos onde eu posso trazer um pouco do que o meu subconsciente está processando e colocar no mundo, sabe? É uma maneira diferente de quando eu tô compondo para os meus discos. Os meus discos são coisas completamente reais.

(Foto: Divulgação)
POPline – Assim como “A Casa”.
DUDA BEAT – A “Casa” é uma música que já existia e eu botei nesse EP. É por isso que ela não é uma música tão de sonho. Ela é uma música meio de realidade. Fala um pouco sobre tristeza, melancolia e depressão, e como eu reagia a isso. A reação a essa tristeza, essa melancolia, essa depressão, que insistiram em ficar aqui um pouco em alguns momentos da minha vida.
POPline – E por que você decidiu juntar ela com essas músicas dos sonhos?
DUDA BEAT – Porque eu senti que ela ali, para o próximo álbum, é um ótimo caminho. Inclusive ela ali no final, como voz e violão, porque no meu próximo álbum eu tô querendo muito trazer instrumentos reais pra dentro. É uma coisa que eu fiz pouco. Tem instrumentos reais, né? Tem muito beat. Meu nome é Duda Beat. Vai ter beat no próximo álbum também, mas eu também queria trazer a coisa orgânica pra dentro. Então acho que é um caminho bom. Ela fecha ali. E em questão de tema também. Tem um pouco a ver com o tema do próximo álbum, assim como a “Na Tua Cabeça”. Tem essa coisa meio Brasil. Então as duas tem um pouco a ver pra chegar naquele caminho ali.
Eu também quis lançar “Esse Delírio” porque eu sinto que ele, sonoramente, é um pouco mais fácil do que o “Tara e Tal”. O “Tara e Tal” é muita invenção de moda minha no sentido de misturas sonoras. No “Esse Delírio”, eu consigo fazer a música do início ao fim com o mesmo beat. Isso já é uma grande vitória pra Duda Beat. Sem surpreender muito. Então acho que vai ser um caminho importante.
POPline – Desde o início do processo, você sabia que estava fazendo um EP? Ou você descobriu no meio do caminho?
DUDA BEAT – Eu sabia que eu estava fazendo um EP, porque quando eu terminei o “Tara e Tal”, eu nunca parei de compor. A composição vem, as coisas vêm pra mim e eu já faço. Quando eu terminei o “Tara e Tal”, eu continuei fazendo música. E aí eu fiz a “Nossa Chance”, que foi a primeira; fiz a “fuga”, metade da “fuga”; e fiz com AJULIACOSTA, “você vai gostar”. Eu tinha essas três.
POPline – E a “Casa” que estava lá.
DUDA BEAT – Tinha essas quatro. E aí eu fiquei: “bom, vou lançar um EP com essas quatro”. Só que aí eu também tinha a “Pessoa Errada”, mas eu não tinha a letra da “Pessoa Errada”. Eu tinha todo o instrumental que a gente tinha feito. Eu tinha tentado umas letras, mas eu estava achando meio ruim. Aí eu larguei um pouco, voltei na canção e fiz a canção. A “Foimal” sempre foi um desejo muito grande meu de reagravar. Um sonho. Então foi meio que isso. E aí quando eu fui juntando, eu fui também percebendo que esse EP estava ainda muito eletrônico, não ia ter a ver com o próximo álbum. Mas eu também não queria engavetar essas canções que são legais. Queria que as pessoas ouvissem. Falei “bom, vou fazer esse projeto porque é até bom que depois eu posso voltar pra coisa eletrônica de novo”. Eu tenho esse motivo de fazer o volume dois.
E aí continuo ainda com a história dos meus discos aqui, da realidade do que eu vivo. E isso daqui é minha loucurinha, sabe? Por isso que também no release eu falo um pouco que é uma coisa sem pretensão. No release e na carta que eu escrevi, [falo que] é uma coisa meio sem pretensão de nada. Eu quero só botar no mundo um presente para os meus fãs. Para eles também esperarem até chegar o próximo álbum em 2026. Ter essas músicas para eles curtirem. E para não engavetar essas canções que eu achava que o mundo precisava conhecer, sabe?

(Foto: Divulgação)
POPline – Como foi a escolha das pessoas para participar? Você trouxe AJULIACOSTA, Tz da Coronel e Boogarins.
DUDA BEAT – Vou até parafrasear o Tomás Tróia, meu companheiro, meu amigo e meu amante, namorado. Ele fala sempre assim: “Eu acho que você é uma das poucas artistas que consegue botar Boogarins e Tz da Coronel no mesmo EP”. Isso é muito massa, né? O Boogarins é uma banda completamente alternativa, que eu amo. Eu venho do alternativo, eu sou uma cantora alternativa, né? Pop alternativa. Mas também sou uma cantora de MPB, também cantei um rock, e eu amo o movimento do trap Brasil. Eu amo, eu sou apaixonada. Eu acho todos eles grandes escritores. Um flow maravilhoso. O Tz, por exemplo. Eu sou fã do Tz tem muito tempo, desde que eu escutei “Anota a Placa (É o Trem)”. Eu falei “caraca, que timbre curioso, quero fazer um negócio com esse menino”. E aí eu já conhecia AJULIACOSTA há muito tempo, por causa das minhas backing vocals. Já tinha ouvido algumas coisas dela e fui me aprofundar um pouco. Amei as coisas que ela fala e tive essa vontade de convidá-la.
POPline – Teve algum feat que você queria e não rolou nesse?
DUDA BEAT – Teve. Teve um feat que eu queria pra “fuga” e não rolou. Não vou dizer o nome da pessoa, porque é meio indelicado. Mas eu acho que não rolou não porque ele não quis. Eu acho que é porque tinha muita coisa acontecendo na vida dele, e eu super entendi. Ele foi muito fofo comigo. Eu mandei a música, ele adorou, mas falou “eu tô com muita coisa aqui com o lançamento”. Eu falei “eu não vou atrapalhar a vida de ninguém”. E aí eu acabei fazendo a “fuga” sozinha. Porque é isso: eu convido a pessoa, se ela não pode, eu não vou convidar outra. Eu faço sozinha e tá tudo certo.

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POPline – Nas fotos de divulgação do EP, você está com o cabelo super platinado. Teve alguma referência também pra esse visual?
DUDA BEAT – A referência é 2010, por ali. A gente pega um pouco dessa onda, principalmente no clipe de “Nossa Chance”. Tem muita referência de filme, de David Lynch, essas coisas que eu amo. Inclusive, eu estou super viciada em “Twin Peaks” de novo. Melhor série. David Lynch é um gênio. Os filmes dele são maravilhosos. Mas as referências são meio que essas – de Britney, David Lynch, essa coisa meio anos 2010 mesmo.
Mas eu acho que o principal briefing que eu dei pra Brina – que é a minha atual diretora criativa – foi que eu queria estar mais próxima. Eu queria sair um pouco do lugar de musa que eu sempre estava, né? Porque ou eu estava super dark ou estava num deserto com as caixas pegando fogo ou eu estava com mangas bufantes. E eu falei pra ela: “pela primeira vez, eu queria estar mais simples”. Com a maquiagem legal mas não tão pesada. Nos vídeos, você vai ver todas as minhas sardinhas. Eu queria estar assim, sabe? Queria que as pessoas me vissem também só numa foto, sabe? Tipo, agachada mesmo, com a mão meio cansada. A coisa da diva meio cansada. Meio olhando pro que vem por aí, que a gente não sabe o que é. Tudo ali tem um pouco de explicação nessas fotos.
POPline – Você dá muita atenção pra parte estética também.
DUDA BEAT – Muita, muita. Eu sou a libriana. A libriana gosta das coisas todas bonitinhas. Eu adoro. Eu penso tudo. Gosto de trocar, ouvir referência. Tenho comprado muitos livros com referências muito boas, sabe? Tenho visto muita coisa no MUBI. Eu não sei se tu assina o MUBI, mas os melhores filmes estão no MUBI. Muita referência massa. A gente vai pegando e transformando, fazendo do nosso jeito, pra não copiar ninguém.

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POPline – Na prática, como é que é? Você assiste ao filme, gosta e salva em algum lugar? Tem uma pastinha?
DUDA BEAT – Cara, eu não salvo, não. Mas eu tiro foto: “Brina, gosto disso aqui. Isso aqui eu acho o máximo”. Aí a gente vai trocando. Figurino também. Esses dias, eu comprei um livro do Alexander McQueen. Falei “ah, quero ver umas coisas”. E aí eu estava folheando o livro, vendo umas coleções dele antigas, e fui tirando umas fotos. “Ruan, isso daqui é demais. Vamos fazer um negócio desse um dia”. Aí ele fala: “bora, eu acho isso lindo, isso aqui eu gosto mais ou menos, mas isso daqui também tá f***”. Eu mandei várias fotos. A gente vai trocando, assim, sabe?
A gente também está vendo muitas coisas de novos designers. Eu tô viciada. Tem três designers que eu tô viciada. Um é do Fancy Club, que é uma loja do outro lado do mundo. Mas é muito legal, super divertida. Também Eu tenho usado muito Dilara, porque é uma designer de roupas mulher muito maravilhosa. As roupas dela são lindas. A gente vai vendo coisas que têm a ver comigo. É uma troca muito gostosa. Muito legal.
POPline – Então, só para confirmar: esse é o volume 1, mas o volume 2 não é o próximo lançamento. Você quer que o próximo seja o álbum, né?
DUDA BEAT – É, o próximo lançamento é o álbum. É o “DB4”. Inclusive, eu fiz muita questão de [deixar claro em] todas as comunicações que esse não é o “DB4”. Esse é um EP. É um projetinho. Tem menos faixas mesmo, que é o que configura ser um EP, pra galera curtir. Pra gente não ficar sem lançamento aqui no final desse ano. Talvez eu deva lançar mais alguma coisa esse ano.
Saiu também um feat com o Cícero, lindo, que eu vou falar sobre ele assim que passar a divulgação do EP. Eu vou falar muito sobre esse feat, porque o Cícero é um amigo meu de infância praticamente. A gente tem uma história muito bonita junto, então quero falar um pouco sobre isso. Mas deve vir mais alguma coisinha por aí. E aí depois eu vou, de fato, fazer o “DB4” – que já está sendo feito. Eu já tenho ele quase todo pronto. Letra e melodia. Mas eu preciso entrar no estúdio pra poder fazer os arranjos e tudo que a gente já está imaginando.

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